quinta-feira, 4 de abril de 2013

Está tudo de pernas para o ar


Estão a ver a vida que tinha há um mês atrás? Está tudo diferente. Tudo em todos os campos. Continuo a fazer o curso de Ciências Farmacêuticas, mas desta vez apenas duas cadeiras - Histologia e Embriologia e Bioestatística. E porquê?, perguntam vocês. Porque tinha intenções de mudar para Medicina. Acontece que o sonho de Medicina não é realmente um sonho meu, é talvez alguma coisa que se impregnou no meu subconsciente: "Se sou boa aluna tenho de entrar em Medicina", estupidez eu sei, mas mesmo assim era o que queria, ou pensava que queria. Como já aqui partilhei, tinha uma boa média interna para entrar, acontece que cheguei aos exames nacionais e derrapei por completo, consequentemente não entrei neste curso. A minha propensão para ciências não deriva de um gosto inerente à minha condição, advém sim de um preconceito por mim e por tantos outro formados, que graças a Deus se começa a perder, que é "quem tem capacidade vai para o campo das ciências, porque letras é fácil". De facto, letras é mais acessível que matemática, que física ou que química, mas eu sempre quis ser extraordinária e não ordinária. Sempre quis que o meu nome soasse na história, porque morrer todos morremos, a nossa condição deveria ser apenas lutar para que o nosso nome não vegete com o nosso desaparecimento. Não digo que isso aconteça, mas digo que quero lutar para que assim o seja. E, nesta perspectiva, nada se identifica comigo em Medicina. A única área que me causa algum deslumbramento é realmente a Psiquiatria por se prender com os desígnios da mente, já que é das coisas que mais admiro num ser humano, contudo nenhuma das outras áreas me cativa. Não consigo ver sangue, não sou boa a lidar com pessoas, não tenho estrutura emocional para ver pessoas a morrer, feridas ou a gritar. Por outro lado, o meu fascínio prende-se com as letras, com as línguas. Via-me muito mais num tribunal a defender um caso indefensável do que num hospital de bata branca a medicar pessoas. Talvez este meu desejo por Medicina tenha uma pitada de "anatomia de grey", todavia nunca conseguiria ser cirurgiã, por mais estupenda que ache a especialidade, não é pena mim. Assim sendo, penso seguir Direito. Um desencontro total de tudo o que tinha pensado até agora, mas um futuro em que me vejo mais realizada. Sei que num curso destes posso brilhar - ou tentar pelo menos - enquanto num curso de ciências seria apenas mais uma aluna mediana. Não é o futuro que quero para mim, eu quero excepcionalidade, mas digo que é com pesar que abandono o campo das ciências, pelo qual nutro um enorme apreço. Enfim, até ver é para o que estou motivada.
"E o que está mais diferente na tua vida Joana?", perguntam. Bem, no campo do amor, tudo mudou. No campo familiar também houve alterações. Mas está tudo bem. Cada vez melhor em ambas as coisas. Estou mais feliz do que estava há uns tempos atrás. Novas pessoas têm-me feito bem, e agora não procuro nada, sei que algo estará com certeza reservado para mim. I'm just waiting.

4 comentários:

gabriela silva disse...

Parabens. O facto de teres tomado essa decisao demonstra uma grande coragem da tua parte. E nao te deves sentir inferior por quereres um curso de letras nao perdes merito nenhum com esta decisao. Letras nao e melhor nem pior que ciencias. Desejo te as maiores felicidades para esta nova fase da tua vida. Espero que com o tempo tambem eu consiga tomar uma decisao...

A. Maria Cordeiro disse...

Estou com a Joana Filipa... e ela sabe. Porque, sem que vivamos o dia-a-dia em comunhão geográfica, dir-se-ia que a Joana e myself, nos...sabemos!
Seguirei atentamente e com Zelo, o Caminho pelo Direito, que se adivinha Promissor!
Abracinho Amigo.

Ana

Joana Madeira disse...

Muito obrigada Dr.a Ana! Um grande beijinho :)

Anónimo disse...

Joana, o Direito, é a Medicina das letras! Vai-te a ele, e mostra orgulho no curso mais prestigiante de sempre! Hehe :p estou aqui para te ajudar! Boa sorte lindona!

Maria Alves
Www.duascolheresdemel.blogspot.com