Li este livro há pouquíssimo tempo e em apenas dois dias, aconselhado por uma colega da faculdade que só me dizia «tens de ler, eu nem te sei descrever aquilo». Depois de ler, percebi o que ela quis dizer...
É o diário secreto de uma jovem portuguesa escrito por Francisco Salgueiro que retrata a sua vida desde a infância até aos 17 anos.
O livro é aconselhado a pais e educadores e diz ser a realidade dos jovens da geração de 90, por isso tive curiosidade em saber o que diria aquilo que a minha mãe supostamente deveria ler. Ridículo, é a palavra que me ocorre. A rapariga é de um colégio XPTO de Cascais e os seus amigos são todos da alta sociedade e recheados de dinheiro. Eu, pelo menos, não sou assim. Sou da classe média, não vivo com luxúria em demasia, mas também não me posso queixar. Não sou daquele meio social, de todo. Não sei se é por isso que não me identifico, em parte nenhuma, com o que este livro diz. Sexo, drogas e loucura são as palavras de ordem ao longo de todo o desabafo da "Inês". Não querendo contar a história para não estragar o suspense caso o queiram ler, a narrativa baseia-se, muito sucintamente, na vida louca de um grupo de amigos desde os 10 anos até ao fim do secundário. A "Inês" afirma que, já com 12 anos era natural os amigos iniciarem a sua vida sexual e que ela, para o grupo, já foi tarde, inciando-a com 14! Fiquei estupefacta. Eu com 10 anos brincava com as bonecas e mal sabia como se faziam bebés, com 12 nem sequer pensava em rapazes e com 14 anos idem idem aspas aspas. Isto é só o início porque o resto da vida da rapariga sucede-se sempre com uma história pior que a outra. O que me escandaliza mais é que ela frequentava os mesmos lugares aos quais eu vou hoje em dia e não fazia a mais pálida ideia do que se passava naquilo que eu considerava "discotecas normais".
Toda a história é uma lição de vida, alerta para vários perigos e penso que a mensagem dela é completamente passada ao leitor, pois ela quer, com a sua história, evitar mais hipotéticos casos iguais aos dela. No entanto, se os tais "pais e educadores" se põem a ler aquilo devem achar que somos todos e todas assim. E não somos!!! Eu falo por mim e pelo meu grupo de amigos, pelo menos os mais chegados, tenho a certeza absoluta que não fazem aquelas coisas que ela descreve como sendo generalidades da nossa geração de 90.
Tenho para mim que esta realidade que a "Inês" descreve se passa em meios sociais muito elevados, onde dinheiro é um fartote e por isso querem experimentar tudo e vivenciar todas as experiências ao máximo e, por isso mesmo, chega a uma altura que sentem falta de mais adrenalina. Visto que o dinheiro não é, de todo, um problema, acabam por tê-lo para as drogas típicas das discotecas: cocaína, ecstasy, etc.
Enfim, não é uma grande história, não é um livro que nos deixe com excelentes recordações, mas eu gostei de ler, tanto que o li muito rapidamente. Apenas fiquei super chocada com a maior parte das coisas que li porque aquilo ali retratado não é o meu mundo nem a minha realidade.
4 comentários:
Eu já li esse livro 3vezes e cada vez mais gosto dele.Acho que toda a gente o devia ler.
Beijinhos*
Fica registado :)
Acabo de ver no facebook que chega o Fim da Inocência II, dia d e Maio. Vou ler e depois partilhamos opiniões. Bjs VAnessa
Sou uma rapariga de 17 anos, ando numa escola pública e moro em Cascais. Conheço perfeitamente o colégio de que se fala no livro (o único colégio privado inglês que se situa em Carcavelos é St. Julian´s) e todos os locais e espaços onde a ação decorre (por exemplo, Loft, Sudoeste, etc). Lembro me também a minha mãe me ter falado de uma festa secreta e com bastante liberdade que foi no hotel Estoril Sol antes da sua demolição. Gostei de ler o livro precisamente por possuir o conhecimento sobre esses locais. Com algum esforço e tendo conhecimentos até descobria quem é a "Inês" e as suas amigas. Mas a questão aqui não é o exclusivo caso da "Inês" em 2006-2007 mas sim se existem mais casos destes em pleno 2013 nos colégios. Como nunca frequentei um colégio privado, não sei o que se passa lá dentro apesar de ouvir uma ou outra história (nenhuma tão chocante como a do livro). Sei que nas escolas públicas em Cascais (já andei em 3) não se passa nada disso, pois se houvesse algo parecido Cascais inteiro já sabia, pois Cascais é Cascais. Acho impressionante como essas histórias se escondem bem nos colégios, pois fora nem 1/4 se sabe do que se passa lá dentro. Posso atribuir uma parte da culpa aos pais, pois acho que exageram na liberdade dos filhos e não lhes dão a devida atenção. Não sei que mãe é que deixa uma filha de 14 anos sair a Lisboa (a minha mãe nem agora que estou quase a fazer 18 me deixa) e que mãe é que não nota que a filha está sob o efeito de drogas. Não deixo de referir que a maior parte dos filhos não é assim, esta história é apenas sobre um grupinho de jovens com os pais ricos que não valorizam a vida.
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