Fazes falta. Muita falta. Felizmente já sonhei contigo, e por isso fiquei consolada - lá estavas tu de robe castanho e chinelos escuros a passear pelo corredor com uma chávena de chá na mão. Era noite, noite alta, e eu queria ir não sei onde. Disseste de imediato que me levavas e, quando me olhaste nos olhos, eu consegui vê-los reluzir, a luz do candeeiro que estava ao pé de ti iluminou de tal forma o teu olhar que o verde cintilante parecia quase beijar-me a alma. Eu juro por tudo que estavas ali -, mas foi só um sonho.
Hoje custou-me passar a Páscoa sem ti, todos os almoços são um vazio imenso, falta ali um lugar, falta ali uma pessoa, falta um pedaço desta família que continua a juntar-se sem esquecer os teus apelos para que continuássemos sempre juntos, mesmo quando tu já não nos pudesses juntar. Já passaram quase 2 meses e eu ainda tenho esperança de te voltar a ver, de te reencontrar, não sei como, não sei onde, mas há uma sensação em mim que me faz ter esperança de te ver mesmo ao virar da esquina. Lembro-me tão bem de ti, dos teus gestos, dos teus passos, da tua roupa, da tua expressão. Lembro-me das tuas mãos, dos teus olhos, do teu nariz, do teu sorriso. Lembro-me do teu jeito comigo, das tuas palavras curtas, do teu olhar simbólico. Não sei se alguma vez soubeste o quanto eu gosto de ti e o quanto vou sempre gostar. Desapareceste cedo demais, desapareceste sem sequer nos dar tempo suficiente para nos despedirmos de ti. Mas acredita veemente que estás sempre aqui connosco, em cada passeio, em cada conversa. És, desculpa, eras uma pessoa maravilhosa e infelizes daqueles que não te puderam conhecer. Eu tive a felicidade imensa de te poder chamar avô durante 20 anos da minha vida. Eu sei que era a tua menina, por muito que às vezes embirrasses com a minha forma rebelde de falar. Fazes-me muita falta, queria muito ter-te aqui. Se a Páscoa foi assim, imagino o Natal... Enfim, todos nos lembramos de ti, espero que estejas a olhar para nós.
Um beijinho desta que te ama.
A tua neta.