domingo, 29 de janeiro de 2012

Dear time, could you please erase memories?


Ia agora a caminho da cama, mas voltei para trás. Voltei porque precisava de desabafar sem falar. O meu relógio digital marca 01:09h da manhã e eu estou aqui sentada ao computador. Estou naquela fase em que se não tivesse vizinhos, gritava. Mas como já aqui disse, tenho piedade deles, então limito-me a carregar violentamente nas teclas  (mas não muito que o computador é novo). Estou numa daquelas noites em que me lembro de tudo. Vá-se lá saber porquê... Eu até sei, mas fiquemos por aqui. E começo a imaginar coisas. Muitas coisas. Algumas delas serão, com certeza, verdade. Outras, talvez sim, talvez não. E outras serão apenas ilusões e invenções deste meu cérebro que não pára. Mas aqui a questão é outra. A questão é que não sei esquecer. Esquecer não é bem o termo, porque as coisas não se esquecem. Digamos que não sei arranjar uma maneira de as memórias me deixarem de ferir. Contudo, por mais estúpido e idiota que pareça, ao escrever sinto-te mais perto. Sinto que voltámos a ter aquela ligação imaginária que nos ligava em qualquer altura, em qualquer lugar. Sei que escrevo e tu não lês, e que até há quem leia e pense "olha, ela está a escrever para mim". Mas não, não estou. Estou a escrever para o vazio, para uma parte de mim que já não existe, todavia que num passado mais ou menos longínquo, existiu. Tenho saudades dessa parte de mim, e tenho ainda mais saudades do que despoletava essa parte de mim. Aos poucos aprendemos a viver com restos de alma, com cacos de coração partido, com sobras de esperança e reservas de amor. Aprendemos a viver com o que temos e com o que não temos. O tempo cura tudo, é pena não apagar as memórias... É pena não apagar as memórias...