Na minha ingénua óptica, penso que só se conhece o amor nos momentos menos bons. Quando tudo está bem, o amor é apenas algo que nos aquece o coração, nos adoça a boca, nos provoca calafrios electrizantes quando vemos o nosso mais que tudo. Porém, é quando passamos para o outro lado, o lado que ninguém quer provar, que conhecemos o amor em pelo - ou pelo menos o avaliamos de forma mais ampla.
Tenho pensado muito no que significa realmente amar uma pessoa; estar disposto a fazer tudo por ela, cometer loucuras, perdoar coisas imperdoáveis, aceitar erros inaceitáveis. Ao fim ao cabo, até que ponto queremos nós viver um amor [aparentemente] impossível? Até que ponto vale a pena tentar?
Só o nosso coração nos pode responder a estas perguntas, porque só ele sabe se vale a pena arriscar e sofrer. A cabeça, essa aconselha sempre o mais confortável, mas o menos exequível. São as borboletas no estômago e os arrepios fervorosos que nos têm de dizer se vale a pena. Se conseguimos ultrapassar o que sentimos. Se verdadeiramente estamos aptos a olhar para o passado como uma memória e não como um ainda presente.
Comecei a perceber que não é a evitar chamadas nem mensagens, ou até mesmo encontros casuais que se deixa de amar. Porque quem ama evita. Porque contactar com a pessoa dói. É quando a voz não falha, as lágrimas não vertem, o coração não acelera e as pernas não tremem que se esqueceu. O contrário do amor nunca foi o ódio, mas a indiferença, já dizia Érico Veríssimo. E é nesse momento, no preciso momento em que ver ou não ver, ouvir ou não ouvir, ter ou não ter, sentir ou não sentir se torna igual que deixa de haver amor. Nesse momento, nada mais há a fazer senão desistir. Até lá... Até lá há chama, há faísca, há paixão e amor. E se vale ou não a pena, só o nosso coração pode decidir.
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