terça-feira, 6 de setembro de 2011

Do amor ao ódio


Talvez só nos marque aquilo que tem de ser marcado. As tatuagens que a vida nos faz, magoam, mas fazem parte de nós. Cada uma, à sua maneira, conta uma história, um evento que nos fez crescer, que nos ensinou algo novo, que provou ser importante ao ponto de não ser esquecido. Há coisas que por muito que tentemos, não nos conseguimos recordar. Talvez por não sabermos que essas mesmas coisas não eram uma banalidade, mas algo que se viria a ostentar fulcral. Todos se lembram do primeiro beijo com a pessoa que realmente amaram, mas poucos se recordam do último. Provavelmente por não saberem que aquele seria o último beijo. Nunca há grandes motivos para algo começar; a beleza pode atrair, o interior conquistar, contudo o verdadeiro porquê é um mistério que sustenta algo que se começa a revelar mágico. As razões para acabar costumam ser mais evidentes. É ambígua a forma como o amor e o ódio se acompanham. A linha que os separa é tão frágil que nós próprios nos surpreendemos como conseguimos passar de um lado para o outro tão facilmente. Tenho para mim que, na maior parte das vezes, o ódio deriva do amor. Só quem amou alguém com toda a sua alma consegue sentir o oposto. Há sempre aqueles parasitas da sociedade que existem para azucrinar a vida de cada um. Pessoas que nos chegam a tirar do sério e até a enraivecer. Todavia, o sentimento que despoleta a fúria e o ódio, provem da mesma chama que deu origem ao amor e à paixão. Só quem fez de nós os seres mais felizes nos pode tornar nas criaturas mais miseráveis. Só quem nos dá tudo, nos pode deixar sem nada. Só quem nos faz sentir amados, nos pode fazer sentir odiados. Só quem significa uma vida, pode significar um abismo.
Os arrependimentos são desnecessários, e eu de facto não me arrependo. Como já li uma vez "don't regret something that once made you smile". Os contratempos fazem parte, eu já estou habituada. Só gostava que, de uma vez por todas, viesse algo para ficar. Algo que não se desmoronasse com uma rajada de vento mais forte. Algo realmente puro, único, sem interesses, sem competições e sem falsidade. Algo que surgisse do nada e se transformasse em tudo. Algo meu, algo teu, algo apenas e somente nosso.

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