As pessoas entram. Ficam. Permanecem. Mantêm-se. Marcam. E saem. Todas estas etapas constituem a realidade do que é uma relação. Qualquer relação. Há como que um "clique" que nos permite dar abertura suficiente de modo a que uma pessoa tenha o à vontade necessário para preencher os nossos dias. Um processo lento e demorado cheio de sorrisos, gargalhadas, conversas, fervor, partilha e conhecimento. Passada esta fase, segue-se a entrega. É muito simples - entregamo-nos. E fazêmo-lo tão levianamente que nem nós nos apercebemos do que se está a suceder. Sabemos, contudo, que estamos a oferecer uma parte de nós, uma parte de nós extraordinariamente especial, a outrém. E o que esperamos da pessoa em quem depositámos tal confiança, mesmo que sem querer, é que cuide. Que cuide, que trate, que se preocupe, que agrade, que acarinhe. Não nos passa sequer pela cabeça uma término para todo aquele sentimento explosivo que nos invade e nos consome e nos torna diferentes. Queremos simplesmente viver o momento e vivê-lo com a pessoa que sentimos com toda a plenitude que nos completa, numa complementaridade tão constante que nos faz sonhar com o "para sempre". De um instante para o outro, sem sabermos bem como ou porquê, a história de amor passa a inferno. Inferno? Inferno é eufemismo. O certo fica incerto. O seguro, inseguro. O perfeito, terrível. Os sorrisos, lágrimas. O amor, indiferença. Os beijos, desprezo. O carinho, repulsa. O tudo, nada. O "para sempre", "nunca mais". "E pronto" - pensamos nós - "mais umas quantas juras caídas por terra". Como se isto fosse passar assim, com uma pequena consciencialização de que acabou. Esquecemo-nos, portanto, de que quando acabou não levou só a nossa cara metade, mas também uma parte de nós. A parte mais bonita de nós. A parte que não tinha remorsos, nem rancor, nem maldade nem ódio. Uma parte feita à base de ingenuidade e pureza. Perdemos uma parte de nós e, irrevogavelmente, vamos mudar. Vamos transformar a nossa personalidade. Criar defesas. Lutar contra sentimentos. Fugir do amor e do que dele advém. E agora, perguntam vocês, o fim da história. O fim? Não há. Irá aparecer uma nova pessoa e o ciclo repetir-se-á sucessivamente, até, miraculosamente, o/a tal aparecer e não abandonar o nosso coração.
4 comentários:
A diferença, está em escolher alguém que faça essa insegurança ser temporária e nos faça ver que é da nossa cabeça. A diferença vai ser quando aparecer alguém em que mesmo depois de uma zanga, volte para conversar, que mesmo depois de um pequeno arrufo volte para um carinho. Cabe aos dois, nunca a um só, nunca deixar que essa relação caí no "inferno" que falas. Ou se cair, que seja um "inferno" temporário. Isto depende sempre de duas vontades, dois queres, dois bons senso, sempre dois... nunca um minha querida. Na minha humilde opinião, de quem ainda tem muito para aprender, depois de uma relação que tinha todos os motivos para não ser segura mas foi e ainda é, que deu em casamento e somos muito felizes. Temos os nossos momentos, respeito e cumplicidade é fundamental...
Beijinhos enormes
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AnaBrito, é certo que uma relação, sendo constituída por duas pessoas, necessita da contribuição de ambas as partes para que seja levada avante. A minha perspectiva é apenas que, muitas vezes, temos de passar por desgostos, perdas e desilusões até encontrarmos "a tal" pessoa. O que é essencial é que ambas as pessoas do casal queiram pôr o que sentem acima de todas as diferenças. Como diz o Rui Veloso, é preciso encontrar alguém que nos complete, onde "muito mais é aquilo que nos une do que aquilo que nos separa". Obrigada pela tua opinião. Beijinhos :)*
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