Estou sentada. Quieta. À espera não sei bem de quê. Calafrios sucessivos percorrem-me a espinha e esfriam-me o corpo. Olho em redor e nada vejo, nada sinto. Minto, sinto falta. Provavelmente estereotipei determinadas reacções e não o devia ter feito. Culpa minha, é certo. Mas por vezes o que preciso não chega a mim. Ou chega, todavia em pouca quantidade. Fixo o meu pensamento no que de bom houve, no que de bom continua a haver, mas a lacuna que deixa a descoberto o meu íntimo frágil vai corroendo todas as realidades que me colocam um sorriso, substituindo-o por um pesar profundo e levemente melancólico. Se calhar exijo demais, preciso demais, quero demais. Mas eu sou assim, de extremos. Não vou mudar. Ajusto-me a cada dia que passa e tempo fazê-lo porque tem de ser assim, porque quero que seja assim, mas subjugar-me a mágoas e esmorecimentos não faz parte dos meus planos. Vejo as cicatrizes cravadas na pele, feridas que não saram, vermelhões que não passam... E isso faz-me pensar. Mostra-me abertamente como me entrego sem reservas e receios. E como não devia ser assim. Não estou triste, estou pensativa. Isto passa, passa sempre. Só tem de passar. Vou só fechar este capítulo e abrir um novo. Sem rancor ou amargura guardada, somente eu, eu e o que mais puro há em mim. Porque afinal de contas tudo se resume a isto - a mim.
Sem comentários:
Enviar um comentário