O tempo passa, a vida continua, os dias sucedem-se e os resultados são avistados. A dor apodera-se do corpo quando notamos que fracassamos, actua como álcool numa ferida aberta e exposta: arde, mas cura. Cura, simplesmente, porque preferimos parar de sofrer a dar o corpo a um genocídio auto-destruidor. As lágrimas são obrigadas a secar, as angústias a cessar e a alma a reerguer. As poucos e poucos colectamos os cacos perdidos pelo chão do passado, tentamos recompô-los para formar aquilo a que queremos chamar presente e esforçamo-nos para que eles assim permaneçam, de modo a que o futuro seja exequível. Muitas vezes faltam as forças, apesar da vontade. E é aí que olhamos para tudo o que temos de bom, todos os pequenos "nadas" que constituem a nossa vida, na tentativa desesperada de encontrar razões pelas quais viver, motivos pelos quais lutar e incentivos que nos dêem a determinação necessária para levarmos a cabo os nossos planos, desabrigando-nos do quarto escuro e sombrio que tende a toldar-nos quando o vento não sopra a nosso favor. No fundo, a vida é uma dádiva e nós tendemos, em certos momentos, a cingir-nos àquilo que apenas nos entristece...
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