Há dias em que me sinto cansada. Cansada até de respirar. Cansada demais para pestanejar, para manter o corpo hirto e os olhos abertos. Semicerro-os na tentativa desesperada de prosseguir o meu caminho, de modo a remediar as feridas constantes que dilaceram o corpo fatigado. Chega a uma altura na qual falham as forças, a vontade esgota e só nos apetece virar costas ao mundo e esquecer, simplesmente, que ele existe. Às vezes, comigo, é assim. Chega a um ponto que me farto. Pronto. Farto. Há problemas, há contrariedades, há uma penumbra que me tapa o sol e me deixa à mercê das sombras e do desconhecido. Sem saber bem o que fazer, devaneio. Devaneio pela escrita, pelo pensamento, pelo passado e pelo futuro. Tentando incessantemente descobrir quem sou, afinal, no presente. Por vezes desconheço-me. Fecho os olhos e nada encontro, senão um caco desfeito em mil pedaços. Pedaços corroídos pelo tempo, pela dor, pela ira da esperança mal sucedida... Pedaços de nada e de coisa nenhuma. Ao fim do dia, há dias, em que não sou nada, senão nada.
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