segunda-feira, 4 de abril de 2011

Personalidades


Mais complicado do que perder uma pessoa é depararmo-nos com o facto de ela já não existir. Como se um estalar de dedos mudasse completamente aquele que outrora fora o nosso mais-que-tudo, o mundo no qual vivíamos. As mudanças, por vezes, são tantas e tão bruscas que às duas por três não sabemos quem está dentro do corpo daquele que um dia preencheu a nossa vida com beijos, abraços e simples sorrisos. Que nos oferecia palavras de eloquência porque, como dizem, todo o homem apaixonado se torna poeta. Mas e depois? E quando olhamos para o "nosso poeta" e vimos apenas uma pessoa qualquer que em nada corresponde ao que era nosso? A sensação não é deveras aterradora? Os tempos mudam, as pessoas também mudam, é um facto, mas e quando mudam de tal forma que não a reconhecemos se não virmos o seu corpo? A mim custa-me, e custa-me demais. E custa-me tanto que é das poucas vezes que não consigo descrever uma sensação. Por outro lado, acho que por muitas voltas que o mundo dê e, consequentemente, a personalidade oscile, a essência, a pureza, o brilho no olhar não podem mudar, por mais fortes que sejam as tempestades há-de haver sempre, mas sempre algo que não foi destruído e deve ser a partir dessa pequena porção que se constrói de novo "um todo". Eu preciso de encontrar a tua porção, preciso mesmo.