Por vezes fica em nós em sensação de culpa. Culpa por termos errado, ou culpa por não termos tentado o suficiente. De uma forma ou de outra, arranjamos maneira de acreditar que as coisas não funcionaram porque não demos de nós o que deveríamos ter dado. É uma justificação aparentemente plausível para o nosso bem-estar emocional. No entanto, às vezes não chega para nos consciencializarmos de que não deu porque não tinha de dar, mas sim porque não nos entregámos o suficiente. Queremos incessantemente acreditar que se voltássemos a tentar, teríamos sucesso. Porque algo tão perfeito só poderia ter sucesso. E no fundo sabemos que oferecemos o nosso corpo e alma à relação. Então, porque não resultou? Vamos culpar a outra parte. Se calhar a outra pessoa é que falhou, se calhar é nela que reside a culpa, e não em nós. E aí não só temos uma desculpa melhor que nos tira o peso dos ombros, como também nos faz ficar de consciência tranquila face ao fracasso do relacionamento. Passado uns tempos paramos e pensamos. E pensamos que sabemos perfeitamente que a pessoa que estava connosco também não poderia ter feito mais. Sabemos que, tal como nós, usou todas as armas que podia e todos os trunfos que tinha. Estamos desarmados. Chegamos a um beco sem saída, onde damos conta que algo falhou, contudo não conseguimos deslindar o que foi. Esta dúvida leva-nos à exaustão. Consome-nos. Destrói o nosso coração. E nós? Nós ficamos mais confusos que nunca, interrogando-nos infinitamente que raio correu mal. Onde falhámos?! Onde poderemos ter falhado se tudo fizemos para que desse certo?! E é isso que me deixa revoltada... Não o facto de não ter dado, mas o facto de não perceber por que não deu, se sempre tudo foi tão perfeito, até um dia...
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