domingo, 25 de setembro de 2011

O amor não acaba

Sabes quando te digo que um dia vai passar? Não vai. Acho que te digo essas coisas para te convencer a ti e a mim. Porque nós já sentimos o verdadeiro amor e já o perdemos. E já soubemos o que era ansiar por uma mensagem que acabaria por não vir. Um sorriso que nunca chegou. Um gesto que ficou pelo meio. Vivemos no meio de memórias, consolamo-nos com as pequenas coisas que vamos sabendo por terceiros, porque a pessoa que nos importa, aquela que é o nosso mundo, se limita a fingir que não foi tão importante para ela quanto para nós. E eu sei que isto nos vai destruindo por dentro. E que às vezes mandamos mensagens um ao outro porque não podemos mandar a outra pessoa. E reconfortamo-nos como sabemos, damos uma volta por aí. E falamos deles como se ainda estivessem connosco. Somos até capazes de descrever como tudo se processou, e reviver as brincadeiras e picardias, contudo, pelo meio de toda aquele entusiasmo, soltamos um suspiro de angústia. De uma dor guardada pela ausência daqueles que amamos. Sabes que já passei por tudo isto há mais tempo que tu, e que já te disse que acabas por esquecer, mas para ser franca, não esqueces. E remóis no assunto vezes sem conta, interrogando-te onde raio erraste. E porque é que fizeste aquilo em vez de teres feito de outra maneira. Culpas-te primeiro. Depois culpas a outra pessoa. Depois chegas à conclusão que talvez apenas não funcionassem. E no fim de tanto matutares interrogas-te "mas como é possível que não tenha resultado com o amor da minha vida?". Eu também não sei. Queria saber e dizer-to. Queria saber e dizê-lo a mim mesma. Mas a verdade é que não tenho nem uma única pista. Mesmo que digamos "já esqueci e parti para outra", tanto um como o outro sabemos que não é assim. Que há uma esperança inevitável dentro de nós e que basta vê-los ou estar com eles para percebermos que o sentimento não morreu, apenas adormeceu por momentos. Digo-te por experiência própria que não dá para esquecer. Eu, pelo menos, nunca consegui fazê-lo. Isto não se ultrapassa, mas conseguimos aprender a viver com esta condicionante. Às duas por três já estamos habituados a que doa, as saudades fazem parte do quotidiano, a ânsia de receber a mensagem que nunca chega diminui, e tudo o que queremos daquela pessoa, apesar de permanecer intacto, fica em suspenso. Guardamos o que sentimos num lugar onde não nos faça tão mal, onde nos permita viver o dia a dia sem grandes percalços. Sorrimos, brincamos, falamos e até fingimos que a vida corre às mil maravilhas. Mas ambos sabemos que o nosso amor continua lá, guardado a sete chaves, perdido em nós e na nossa cabeça, mas sempre, sempre presente no nosso coração.
Para ti J.

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