Há alturas em que temos de escolher. É inevitável que o façamos porque há situações que se tornam insustentáveis. A mim sempre me custou seguir. Sou daquelas pessoas agarradas às raízes que vou criando ao longo do tempo. Custa-me especialmente desistir daquilo que tão bem me fez. Porém, há momentos em que já não conseguimos mais. O coração fica um farrapo, dilacerado pelas sucessivas desilusões que tem de ultrapassar. Sinceramente, estou farta de lhe prometer o que sei que ele não pode ter. Entre ansiar pelo que já passou ou habituar-me a uma nova realidade, penso que esta última será mais fácil, ou pelo menos, menos dolorsa. O que custa não é decidir seguir, mas sim seguir realmente. Eu recuso-me continuar a fazer o que tenho feito e a sentir o que tenho sentido. Recuso-me continuar a mentir a mim mesma. Sei que por mais voltas que o mundo dê, o que é nosso às nossas mãos vem parar. Se não veio parar... talvez não seja realmente nosso, e nesse caso só nos resta habituarmo-nos a essa ideia. Honestamente, sinto que mereço mais. Já errei muito, e só eu sei o que lamento o que perdi, o que deixei escapar, o que não aproveitei, o que não dei valor, o que passei ao lado, o que vi a desvanecer-se mesmo à minha frente. Contudo, o mal feito não pode ser apagado. E verdade seja dita que a culpa não morre solteira. Acho que mereço mais. Acho que mereço mais do que memórias, mais do que fotografias, mais do que papéis escritos, mais do que músicas dedicadas, mais do que mensagens guardadas, mais do que recordações. Talvez o novo seja melhor. Talvez no início só custem as saudades. Talvez o que esteja para vir seja mais bonito do que tudo o que perdi. Só sei que já não sei viver num impasse. Posso não conseguir, mas vou tentar.
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