Por vezes nem são precisas muitas trocas de palavras, basta um olhar, um gesto, uma expressão... Basta algo simples, mas genuíno, para nos derretermos e nos apaixonarmos. Há um momento de euforia e ilusão, em que tudo é possível, onde não há barreiras nem obstáculos, onde nos sentimos capazes de tudo porque simplesmente amamos. Essa fase de paixão avassaladora deve, mais tarde, ser convertida em amor. O ser humano precisa disso. Ninguém consegue viver uma vida de dependência constante, de emoção permanente. Todos nós temos necessidade de assentar e acalmar. Os risos estridentes são substituídos por sorrisos ternurentos, o olhar de desejo por olhar de amor, os beijos escaldantes por beijos carinhosos, os abraços efusivos por abraços longos e sentidos. Tudo muda quando deixamos de sentir paixão para sentir amor. Dizem os entendidos que o amor só assim pode ser considerado após quatro meses de relacionamento, até lá estamos a saborear o gosto da novidade. E há relações que acabam por esse mesmo motivo - o sentimento evasivo começa a desvanecer-se e, se não se gerar um amor sólido, tudo se perde. A novidade deixa de ser uma constante, instalando-se progressivamente o hábito, a rotina. Há relações que não conseguem sobreviver a esta mudança abrupta. Há pessoas que não conseguem pôr a paixão de lado e limitar-se ao amor. Por uma razão ou por outra, não lidam com o facto de já não sentirem as borboletas no estômago, os arrepios na espinha e os suores frios. Contudo, admito que quando o sentimento que une as duas pessoas é suficientemente forte e verdadeiro, elas conseguem ultrapassar estes desafios e que no fim, estarão a partilhar uma vida e não apenas escassos momentos.
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