quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Suicídio

Muitos consideram-no uma valentia, outros tantos uma cobardia. Provavelmente nunca chegaremos a um consenso sobre o que será realmente este acto de acabar com algo que o próprio não quis começar. Podemos até pegar por aí. Ninguém neste mundo pediu para nascer, todos nós fomos desejados ou tidos por acidente, contudo nenhum de nós escolheu estar aqui. À partida foi-nos imposto viver, ou por outro prisma, foi-nos dada a dádiva da vida. Posso até ser mal agradecida, mas para mim, a vida foi-me imposta. O suicídio é apenas uma decisão na nossa vida, de entre as muitas que temos de tomar. É equacionado quando sentimos que há mais coisas más a preencherem-nos do que boas. Não é algo em que pensemos todos os dias, é um facto, mas é uma hipótese posta em momentos de desespero. Pessoalmente, vejo o suicídio como um acto de coragem. Sim, é um facto de que quem opta por acabar com a própria vida é alguém que não consegue continuar a lutar e não consegue ultrapassar as várias barreiras que a vida coloca a cada um de nós. Porém, o valor de vida pode ser muito discutível. Podemos até ter mil razões por que viver, mas uma, mais forte que tudo e todos, que nos dê um motivo para querer morrer. O suicídio é, para mim, uma tomada de decisão num momento em que nos apercebemos que não há mais nada que possamos fazer na Terra. Que provavelmente os entes queridos chorarão por misericórdia, mas que não passará disso, provavelmente não seremos lembrados por nada do que fizemos, não terão assim tantas saudades nossas, não deixaremos nenhum projecto para trás, não teremos um projecto que fica suspenso. Não estamos verdadeiramente enraizados à vida. Eu acredito que quem tomou esta fatídica decisão possuía motivos bastante fortes e que achou que mais valia estar em paz para sempre do que num terror constante. Por muito que tente, não consigo ver isto como uma cobardia, mas sim como alguém que sabia bem o que queria e que decidiu fazer com que a dor parasse. Há dores mais fortes do que o medo de morrer. Pondo esse medo de lado e acreditando que depois disto há algo melhor, tudo se torna mais simples. Tenho para mim que o suicídio é apenas mais um caminho viável. Uma opção definitiva, mas não menos louvável. My misfortune is that I've always been a coward.

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