sábado, 4 de dezembro de 2010

Reflexões da madrugada


O relógio digital marca uma e dezanove da manhã. Apetece-me reflectir. As pálpebras tendem a fechar. Tenho, como sempre, a mão direita gelada e a esquerda relativamente quente. Os pés estão frios e sinto uma dor ao nível do pescoço. Que se lixe. Vou escrever.
Há coisas que nunca se esquecem. Erros que não se podem emendar. Vidas que não se podem reconstruir. Acredita que me lembro de tudo, desde o básico e trivial, ao mais ínfimo pormenor. Achas que não dava valor? Juro que dava. Achas que saíste da minha vida num ápice? Que foi estalar os dedos e "puff"? Não, não foi.
Ficarias boquiaberto se soubesses da missa a metade. Se conseguisses sequer perceber o que se passou nos intervalos de tempo, para ti vazios, em que senti a tua ausência a assombrar as recordações que mantinham vivos os teus traços. Às duas por três, perdia-me na silhueta que já não tinha cor. Nessa forma vazia a preto e branco. E mesmo que quisesse recordar o que de bom me deste, o negro atordoava o meu pensamento de tal forma, que não conseguia sair do vácuo de dor que se tinha formado em volta do nosso amor.
Ainda hoje me pergunto o que aconteceu, o que verdadeiramente aconteceu. Ainda hoje não consigo evitar sonhar com o que desejava ser real. Ainda hoje guardo, numa caixinha pequenina, todas as palavras trocadas e todos os sentimentos partilhados. E sabes que mais? Nunca, mas nunca a vou perder, independentemente das voltas que a vida der, prometo-te.

Sem comentários: