domingo, 27 de fevereiro de 2011

Querido * #8

Querido *,

Depois destes dias de controlo para não te escrever, senti necessidade de te contar como tudo corre no meu mundo. Está tudo calmo, demasiadamente calmo. Sabes aquela sensação de vazio, de perda, de desconsolo, te sombra, de escuridão, de medo? Aquela sensação que bastava a tua mão passar no meu rosto para desaparecer? Essa sensação reside dentro de mim desde há uma semana. Percebes o que digo, não percebes? Claro, tu percebes sempre. O pior disto tudo é que a tua mão agora não vem de encontro ao meu rosto, e que viesse... É tal o desânimo e a pouca vontade de viver que nem todo o teu amor me poderia tirar deste poço sem fundo pelo qual continuo a deixar-me cair. É um contra-senso, eu sei. Sinto uma coisa e faço outra, mas parece que estou meio perdida e que nem o sol consigo ver para me guiar. Aqui neste universo onde me enfiei não há bússolas, estrelas, guias, nem mesmo pessoas para perguntar o caminho... Não há nada, nada de nada.
Eu sei que não estás bem, que tens estado triste, numa felicidade enganosa, tal como a minha, e que, de dia para dia, vais caindo também neste sufoco que é o teu amor e o meu amor. Juntar teu&meu e formar nosso, magoa-me demais para o fazer. Sabes que não te culpabilizo, sabes que sempre me guiaste, mesmo que com sinais imperceptíveis me aconselhaste por que trilho devia seguir. Sinto-me como uma destruidora. Só a sensação que tenho ao dactilografar cada letrinha é avassaladora.
Não escrevo bem para que leias, até porque não sei se algum dia te vou enviar estas cartas, escrevo para aliviar as correntes que já me vão fazendo vergões pelo corpo, tal é a voracidade com que me apertam.
Even if you were "dead", I would feel you, just like Holly felt Gerry when he had already died.

carta de uma mulher com saudade

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